Quanto vale a vida marinha do planeta? E quanto vale a vida marinha em Vila Velha? A resposta vazia chegou à tribuna livre desta terça-feira (22 de março), no plenário da Câmara Municipal de Vila Velha, onde funcionários das empresas Vale e Arcelor levaram “explicações” sobre a dragagem do Porto de Tubarão.

Entre um quadro e outro de projeção, um preposto da empresa Vale explicou que existe uma área delimitada na Praia da Costa de 125m² para o despejo de “sedimentos” que ele alegou ser formado por areia e material natural. Segundo ele, o fundo do Porto de Tubarão não possui material tóxico. Ainda segundo o mesmo funcionário, diferente do Porto de Santos (SP), em que o fundo é composto de material tóxico.
Mesmo afirmando que não existe consequencias graves para a vida marinha nem para a sociedade, o expositor explicou que a empresa entrará com uma contra-partida de R$ 470 mil para os municípios de Cariacica, Serra, Vila Velha e Vitória, atingidos pela dragagem. Isto significa que cada um terá direito a algo em torno de R$ 118 mil.
Pareceu tão estranha a contra-partida que um dos convidados se levantou e indagou sobre a tal verba que será distribuída entre os municípios. A resposta foi eloquente, mas não convincente.
Outro dado afirmado pelo funcionário da Vale é que a área restrita ao “bota-fora”, termo assim definido pelo Instituto Estadual de Meio Ambiente (IEMA), não é área de pesca.
De acordo com o expositor, a área de disposição do material é monitorada durante e depois da passagem da draga. E o tempo de monitoramento é de cinco minutos.
Passemos às indagações que não foram colocadas pelo funcionário, até mesmo porque não havia interesse por parte da Vale.
A vida marinha – fauna e flora – não será atingida, mas a flora pode se locomover rapidamente para fugir dos dejetos lá depositados? E animais corpulentos, como as estrelas-do-mar são retiradas para que haja o “bota-fora”? A empresa não teria outra forma de aproveitar os dejetos?
Um convidado perguntou se aquele material serviria para aterrar a Curva da Jurema, no que foi prontamente satisfeito em sua indagação.
“Aquele material não serve para aterro pois é composto por areia muito fina”.
Será?
As informações foram dadas e pareceram até contraditórias com o que é acompanhado pela sociedade canela-verde.
O expositor afirmou, categoricamente, que a distância de despejo nas praias de Vila Velha é de 10 quilômetros. Mas durante a tribuna livre foram distribuídos folders explicativos afirmando que a distância é de 15 quilômetros. Quem está certo?
Resta à sociedade capixaba aguardar os órgãos judicantes para que intervenha nesse “bota-fora” criminoso para que o futuro das águas salgadas de Vila Velha não esteja comprometido.