É mentira! A distância do bota-fora da draga e as praias é diferente daquela descrita em panfleto informativo da empresa Vale. Nesta segunda-feira (9 de maio), aconteceu a audiência pública proposta pelo deputado estadual Sandro Locutor (PV), realizada na Câmara Municipal de Vila Velha.
Durante o encontro dos políticos com as lideranças comunitárias, ficou claro que a empresa tenta ludibriar a sociedade com dados maquiados.
No dia 22 de março o gerente de Meio Ambiente da Vale, Romildo Fracalossi, esteve na Câmara de Vila Velha, convidado por um vereador para uma tribuna livre, e afirmou que a distância entre o local do bota-fora e a praia mais próxima do município canela-verde seria de 10 quilômetros.
Já na audiência pública, realizada nesta segunda-feira (9 de maio), o mesmo preposto da empresa afirmou que a distância das praias de Vila Velha é de 9,5 quilômetros, o que confundiu até mesmo a cabeça do deputado estadual que conduzia os trabalhos, Sandro Locutor.
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Fracalossi dando explicações sobre a dragagem do Porto de Tubarão. |
“Então, o dado correto é de 15 quilômetros?”, questionou o parlamentar.
“Não. O dado correto é o que acabei de informar”, afirmou Fracalossi.
Sua afirmação provocou a indignação dos presentes no plenário, já que o panfleto é amplamente distribuído entre populares, induzindo a população a erro.
Outro questionamento a ser feito diz respeito ao confinamento dos resíduos. Serão 15 milhões de m³ depositados no fundo da praia e que não se sabe se realmente ficarão confinados.
Durante sua apresentação, o técnico em dragagem Jamerson Sher, salientou a importância da Carta Náutica, da Marinha do Brasil.
“Nos estudos aprovados pelo IEMA, a profundidade média apresentada é de 41 metros. Mas de acordo com a Carta Náutica, a profundidade do local onde é feito o bota-fora é, em média de 32,6 metros. É preciso as autoridades embargar essa obra. Em princípio dizem que a dragagem começou em janeiro de 2011, mas na verdade ela começou em dezembro de 2010. Antes mesmo da aprovação do IBAMA”, apontou Sher.
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População de olho na Dragagem. |
Outro contrassenso diz respeito ao que diz o técnico ambiental do IEMA, Ubirajara. Segundo ele, a batimetria apresentada pelo Fórum Ambiental Popular Permanente (FAPP) não corresponde à realidade. Porém, ele mesmo afirmou que o Instituto não possui equipamento específico para fazer a medição.
Para a secretaria executiva do FAPP, Rita Uliana, as respostas do técnico da Vale afirmando que não tinha conhecimento sobre alguns assuntos não passa de uma forma de “fugir do debate”.
Além do deputado estadual Sandro Locutor, o deputado Gilsinho Lopes (PR) e os vereadores de Vila Velha João Batista Babá (PT), Heliossandro Matos (PMN), Robson Batista (PSDC) e Ivan Carlini (PR) estiveram presentes à audiência pública.