terça-feira, 10 de maio de 2011

Óbitos por doenças pulmonares motivam criação de CPI em Vila Velha


Flavia Bernardes

As mortes por doenças pulmonares ocupam o terceiro lugar no ranking de óbitos de Vila Velha. A notícia é da Secretaria de Saúde do município e deixou os vereadores do município estarrecidos. A informação é que as mortes por problemas pulmonares são ultrapassadas apenas pelas mortes ocasionadas por homicídios e doenças ligadas ao coração.

Neste contexto, conforme proposta do vereador Heliosandro Mattos (PMN), os vereadores de Vila Velha aprovaram, na noite dessa quinta-feira ( 5), a instauração da CPI das Doenças Respiratórias. O objetivo, segundo Heliosandro, é investigar as denúncias feitas pela população da região, que reclamam do pó preto que chega às casas do município.

Além do pó preto, que é tirado em quantidades absurdas das casas, mesmo não sendo produzido no município, os vereadores querem apurar também o índice de atendimentos de doenças respiratórias nos últimos 40 anos nos postos de saúde, ouvir os familiares das vítimas, conhecer os índices de mortes ligadas ao cigarro e o volume de poluição veicular emitida no município.

“O objetivo é investigar a causa das mortes por doenças pulmonares, que é alarmante no município. Estamos buscando descobrir qual é a conseqüência desta poluição que chega ao município há anos. Só ai poderemos nortear políticas para a melhoria da qualidade de vida no município”, ressaltou o vereador.

A informação é que dois médicos da Universidade de Vila Velha já se prontificaram a apoiar as investigações. Além disso, segundo Heliosandro, o apoio na Câmara dos Vereadores foi unânime após o conhecimento dos dados apontados pela Secretária de Saúde do município, Joana Barros.

A secretaria, inclusive, será uma das primeiras convocadas para depor, seguida de dirigentes de empresas como Vale, Export ES do Cais de Capuaba e Arcelor Mittal.

Segundo o presidente da Câmara, Ivan Carlini (PR), os trabalhos serão iniciados após o dia 23 de maio. Votaram a favor da abertura das investigações os vereadores Almir Neres (PRP), Ozias Zizi (PRB), João Artem (PSB), Babá e Wanderson Pires (PT), Robson Batista (PSDC), Valter Rocon (PDT), Duda da Barra (PMDB), Antonio Tareba (PPS), Tenório Merlo e Valdir do Restaurante, (PT do B), e o presidente da Câmara, Ivan Carlini (PR).

A informação do vereador Heliosandro Mattos é de que  em Vila Velha a principal causa de morte registrada é aquela provocada por doenças cardiovasculares. A segundo é por homicídio e a terceira por doenças pulmonares.

Através do trabalho do artista plástico Kleber Galveas, que há mais de 20 anos monitora a poluição gerada pela Vale no município,  o chamado “pó preto”, é levado com o vento até a Barra do Jucu, onde anualmente o artista utiliza a poeira depositada sobre telas como matéria prima para seus quadros. Através de suas obras, Kleber Galvêas denuncia a poluição que é gerada pela Vale e despejada em toda a Grande Vitória pela influência dos ventos.

O despertar

Tudo começou com as mobilizações do vereador Babá (PT). Logo a Câmara de Vereadores de Vila Velha também despertou para os problemas gerados pelos grandes empreendimentos instalados em Vitória, mas sentidos também no município.

Desta vez, a Câmara está lutando para que o material de dragagem do Porto de Vitória e do Porto de Tubarão não seja despejado no município.

Serão 7 milhões de m³ de sedimentos dragados do fundo do mar na região do porto de Tubarão e que serão despejados a seis quilômetros do litoral de Vila Velha pela Vale.

Com o anúncio de despejo de sedimentos de dragagem no litoral de Vila Velha, a Associação de Moradores da Praia da Costa, junto com a Câmara de Vereadores do Município, vem se mobilizando para apresentar alternativas para o despejo. Das três alternativas apresentadas pela Vale até o momento, todas foram rejeitadas, pois se baseavam no falso argumento de que a lama a ser despejada no litoral não é tóxica.

Mas, segundo a Associação de moradores, há 12 anos materiais de dragagens foram despejados na região, gerando não apenas a turbidez da água, mas também o desaparecimento de espécies. O problema não afetou apenas o município, chegando também aos pescadores de São Pedro, em Vitória, que também questionam a nova dragagem da empresa.

A informação dos ambientalistas é que os dejetos retirados do fundo do mar são formados por lama, argila, metais pesados, pedras e pó de minério.
Na região de Vila Velha, chamada de bota-fora, também pretendem despejar material de dragagem a Codesa e a Nisibria. Juntas, as empresas pretendem despejar na região 15 milhões de m³ de dejetos.

O volume, segundo a Associação dos Moradores da Praia da Costa (AMPC), confronta a previsão da dragagem de 6,3 m³ no Estado e representa sérios danos ao meio ambiente.

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